O grande vencedor de melhor filme no Oscar em 2015 foi Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (2014). Não é meu interesse entrar no debate se a premiação foi merecida ou não. No entanto, vale ressaltar que o trabalho realizado por toda a equipe e principalmente do diretor Alejandro González Iñárritu é de tirar o chapéu. A trama do filme - que é apresentada durante alguns dias -, deixa a impressão no espectador de ser um longo plano sequência. E nesse quesito, é impressionante a fluidez da obra. Palmas para o grande trabalho do diretor de fotografia (Emmanuel Lubezki) que captou de forma belíssima as imagens em diferentes ambientes.
Na história, Riggan Thomson (Michael Keaton) é um ator em busca de novos desafios. No passado ele interpretou o super herói Birdman: um personagem que marcou de vez a sua carreira (Notem a semelhança com o Batman interpretado pelo próprio Michael Keaton). Com o passar dos anos, Riggan foi perdendo seu prestígio e agora busca um reconhecimento não somente como ator, mas também como diretor e roteirista adaptando um respeitado livro para uma peça da Broadway. E é durante os dias que antecedem a estreia da peça, que acompanhamos nos bastidores não somente Riggan, mas todos que cruzam seu caminho. Entre eles o produtor nervoso com o rendimento da peça (Zach Galifianakis), a atriz que é amante de Riggan e que supostamente está grávida (Andrea Riseborough), a outra atriz de confiança do diretor, mas insegura por ser seu primeiro trabalho na Broadway (Naomi Watts), o excelente ator escalado às pressas, mas com um gênio difícil (Edward Norton), a filha de Riggan que acabou de sair da reabilitação, mas que a qualquer momento pode ter uma recaída (Emma Stone), entre outros.
Mérito de Iñárritu e sua equipe que consegue nos jogar dentro dessa "panela de pressão", tornando-nos testemunhas da loucura de seu protagonista na busca obsessiva pelo reconhecimento do seu talento. O medo de fracassar é multiplicado quando uma voz interior (do próprio personagem Birdman) assombra sua mente. No meio de tudo isso, ele ainda tem que lidar com críticos rigorosos e jornalistas imbecis. Nesse ponto, o personagem de Norton se contrapõe ao de Keaton, pois está pouco se lixando com a opinião alheia.
Descrevendo dessa maneira, ficou parecendo que o filme não apresenta problemas. A sensação que tive durante a meia hora final, , é que a obra perde um pouco a sua força. Força essa que é retomada na última cena, dando margem à interpretações.
O que dizer do elenco? Todos maravilhosos. Naomi Watts já esteve em atuações melhores e aqui me pareceu um pouco ofuscada diante da interpretação de Edward Norton e Michael Keaton. Emma Stone também tem seus momentos e aqui seus olhos parecem que vão saltar.
A música é eficiente para transmitir todo o caos e muitas vezes é utilizado somente uma bateria. Em algumas cenas aparece um homem tocando bateria.
Iñárritu mereceu o Oscar de melhor diretor e fez aqui uma obra poderosa que pode gerar relevantes debates sobre loucura, busca por aceitação, expectativa por reconhecimento, papel da imprensa e crítica sobre o trabalho dos atores e toda a equipe, etc... Nota 8.
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