terça-feira, 11 de maio de 2010

Câo Branco (White Dog)


Já tem tempo que gravei esse filme quando passou no telecine cult e aproveitei hoje o dia de folga para assistir essa obra prima do diretor Samuel Fuller.

Cão Branco (1982) não foi lançado comercialmente nos Estados Unidos e algumas pessoas na época acusaram injustamente o filme de apresentar conteúdo racista. Na verdade a história aponta o contrário.

Na trama, a jovem atriz Julie (Kristy McNichol) atropela e fere acidentalmente um pastor alemão branco que logo é carregado para um veterinário. Em seguida ela decide ficar com o animal em casa até o dono aparecer.

A relação entre ambos se torna mais estreita a cada dia, principalmente após o cão atacar um estuprador que invadiu sua casa. Com o passar do tempo, a atriz percebe um comportamento agressivo do cachorro com pessoas negras.

Após levá-lo para um adestrador de animais com o intuito de acalmar a fera, descobre que o cão foi treinado desde filhote pelo dono racista com o intuito de atacar qualquer afro - americano. O encarregado para tentar reverter essa situação é Keys (Paul Winfield), um treinador que tem motivos pessoais para realizar essa difícil missão ( principalmente pelo fato de também ser negro).

Samuel Fuller (que faz uma ponta no filme) ataca diretamente o racismo e toda a hipocrisia contida em nossa sociedade com uma história simples e eficiente na sua proposta. O diretor também foi responsável pelo excelente roteiro junto com Curtis Hanson (futuro diretor de filmes consagrados incluindo Los Angeles - Cidade Proibida e outros).

Adorei o trabalho da câmera, principalmente na cena do close no rosto do treinador e do cachorro. Me lembrei rapidamente dos trabalhos de Sergio Leone. E é claro, as músicas de Ennio Morricone que dispensam comentários.

A trama foi elaborada após um caso verídico ocorrido com a atriz Jean Seberg, que atropelou um cachorro treinado para atacar pessoas negras. Esse treinamento (segundo o filme), já era realizado na época dos escravos.

Um outro destaque, é a alfinetada aos filmes de George Lucas, quando um dos personagens joga dardos num poster do robô R2D2 de Guerra nas Estrelas e comenta sobre o declínio do bom cinema em prol dos efeitos especiais.

Uma obra muito envolvente. Um soco no estômago que merece ser visto por todos. Nota 10.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Picolino (Top Hat)


Eis mais um exemplar de filmes com a capacidade de deixar o espectador com um excelente humor, tamanha a sua leveza. Funciona como um remédio para mim.

O Picolino (1935) teve um estupendo êxito comercial. E juntamente com King Kong, salvaram a RKO da lama na qual se encontrava. Os Estados Unidos na época ainda sofria com os efeitos da Grande Depressão e o público que podia ir ao cinema buscava algo para esquecer todos os problemas derivados daquela crise.

Esse é o primeiro filme que eu assisti da dupla Fred Astaire e Ginger Rogers (que juntos atuaram em nada menos do que 10 filmes) e para muitos, o melhor filme da dupla. É delicioso ver os dois em cena. Fred com todo seu talento extraordinário como dançarino e sapateador e Ginger com todo o charme e sensualidade.

A direção é de Mark Sandrich, que já havia dirigido os dois anteriormente em A Alegre Divorciada. cuja história é bem parecida com a de o Picolino.

Na trama Jerry (Fred Astaire) é um dançarino americano que está em Londres para a realização de um espetáculo e se encontra hospedado junto com Horace (Edward Everett Horton), seu empresário. No quarto de hotel ele ensaia os números para o show e incomoda Dale (Ginger Rogers) vizinha do andar de baixo que imediatamente reclama com o gerente do local. Nos corredores, Jerry conhece Dale e se apaixona pela moça que a principio o rejeita. Mas depois começa um flerte com o rapaz. Com o decorrer do tempo, Dale acredita que o dançarino seja o empresário Horace, marido de Madge (Helen Broderick), sua melhor amiga. Está armada toda a confusão.

Alguns personagens importantes se destacam: o ajudante do empresário (Eric Blore) que sofre na mão do patrão, e o costureiro italiano (Erik Rhodes) que acompanha Dale somente por interesses comerciais.

As atuações deixam um pouco a desejar, principalmente a de Erik. Dizem que Mussolini baniu o filme na Itália, devido a forma caricata como o personagem italiano foi retratado.

Os momentos de maior beleza ficam por conta dos números musicais da dupla. Principalmente em Cheek to Cheek. Tem também Jerry jogando areia no piso para abafar o som dos sapatos e fazer Dale dormir.

Apesar da história ser um pouco datada, vários momentos cômicos funcionam muito bem. Achei que do meio para o final, a trama poderia ser melhor elaborada. Mas nada que incomode na apreciação desse grande clássico que é considerado um dos melhores musicais de todos os tempos. O Picolino concorreu a diversos prêmios, incluindo o Oscar de melhor filme. Nota 9.

domingo, 2 de maio de 2010

Meet the Feebles


Ganhei de presente do amigo Rick, uma cópia dessa preciosidade que infelizmente nunca foi lançada aqui no Brasil, mesmo com todos os sucessos do diretor Peter Jackson ( Trilogia Senhor dos Anéis,King Kong,etc...) por essas bandas.

Meet the Feebles (1989) foi realizado na fase trash do diretor, onde também conta com outras pérolas como: Trash - Náusea Total e Fome Animal.

Filmado na Nova Zelândia, a obra é extremamente cultuada até os dias de hoje. Sua história repleta de absurdos é recheada de humor negro e pode ser considerada como uma paródia dos Muppets.

Os personagens são todos bonecos (marionetes e atores fantasiados) que trabalham para um programa de tv e agem com total imoralidade. A história nos apresenta toda a podridão e os interesses inescrupulosos rondando os bastidores do chamado show business.

Se você acha que esse filme foi direcionado ao público infantil, está muitíssimo enganado. Tirem as crianças da sala imediatamente. Cenas de pornografia, violência, uso de drogas, assassinatos e até coprofagia são mostrados sem nenhum pudor. E toma-lhe cocô,mijo,sangue,pus... ou seja, não recomendável para estômagos fracos.

Entre as diversas tramas há de se destacar a da hipopótamo Heidi que quer continuar sendo a estrela do grupo e é namorada de Bletch, a morsa chefe que produz o programa e tem um caso com a gata Samantha. Tem também o tímido porco-espinho Robert que se apaixona pela poodle Lucille. O elefante Sidney que demora a acreditar que o filho que teve com a galinha seja seu de fato. O coelho apresentador Harry que adora uma suruba e acredita ter contraído uma doença grave. O sapo Wynyard veterano da guerra do Vietnã e viciado em todas as drogas possíveis e imagináveis. A mosca paparazzo responsável por uma das cenas mais nojentas do filme. O rato Trevor que dirige filmes pornôs nos bastidores. E muitos outros que contribuem com toda a bagunça (no melhor dos sentidos).

O roteiro é bem simples e nem era pra ser diferente , já que o objetivo da obra é a diversão. E nesse Domingo à tarde em meio às finais de campeonatos de futebol, programas de auditório e afins, optei assistir esse cult que merece ser reconhecido por mais e mais pessoas.

Agradecimentos ao Rick que me presenteou com esse maravilhoso filme. Nota 9.