segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Bárbara (Barbara)
















Bárbara (2012) é um filme que prende sua atenção do início ao fim. Ao mesmo tempo, apresenta uma narrativa fria que não entrega quase nada sobre o passado da protagonista. Acredito que essa opção do diretor Christian Petzold foi proposital para tornar tudo meio misterioso.

Sabemos logo de cara, que Bárbara é médica e foi transferida para um hospital de uma cidade na Alemanha Oriental, (a trama se passa antes da queda do muro) e que sua relação com outras pessoas é extremamente distante. Com o passar do tempo, descobrimos um pouco mais sobre a moça e suas motivações. Sua intenção é fugir para o lado ocidental do país com a ajuda do seu namorado que mora do outro lado do muro. Só que seu plano pode ir por água abaixo, pois está sendo vigiada o tempo quase inteiro por agentes do governo. Tudo isso nos faz imaginar que Bárbara é provavelmente alguma rebelde que não concorda com o sistema governamental de seu país e por isso, foi transferida para outra cidade. Aos poucos, ela cria uma relação mais estreita com André (Ronald Zehrfeld) um médico dedicado e atencioso com seus pacientes e que tem grande importância na trama.

Gostei demais da fotografia do filme e principalmente da atuação de Nina Hoss imersa em sua personagem sofrida e desiludida com as condições da sua pátria.

Uma agradável surpresa do cinema alemão que ao meu ver deveria estar entre os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Eu e minha mãe saímos muito satisfeitos com o resultado da obra que lá pelo seu final, apresenta um pingo de luz no meio da escuridão. Nota 8.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Amor (Amour)















Domingo chuvoso com muita gente acompanhando os blocos de carnaval que inundam toda a cidade nessa época de folia. Era o meu dia de folga e aproveitei para dar uma escapadinha no cinema para assistir ao vencedor da Palma de Ouro em Cannes do ano passado. Me sentei em uma poltrona da primeira fileira e me senti igual aos personagens de Os Sonhadores do Bertolucci, recebendo a imagem antes do restante da platéia. Amor (2012) de Michael Haneke pode ser frio, lento e cru, mas me agradou imensamente e suas imagens não saem da minha cabeça. Logo no início, já me conquistou apresentando a imagem da platéia em um teatro. A impressão que fica, é que nós estamos sendo observados por essa platéia.

Há momentos sublimes envolvendo o casal Anne (Emmanuelle Riva) e Georges (Jean-Louis Trintignant) e outros mais difíceis envolvendo a doença de Anne e todo seu sofrimento. Haneke não força a barra para o drama fácil e nos apresenta a situação como ela realmente é.

Como já disse, a história foca na relação desse casal octogenário que demonstram muita força mediante todas as complicações que surgem com o avanço da doença de Anne e o esforço de Georges para cuidar da esposa que ama.. Não vou falar muita coisa para não estragar a apreciação dos leitores desse blog. Achei o desfecho bem a cara do cinema de Haneke.

Os atores estão muito bem. Tanto Emmanuelle Riva (que também atuou em Hiroshima mon amour) quanto Jean-Louis Trintignant merecem prêmios por toda a entrega. Outra que tem uma participação rápida mas importante é Isabelle Huppert interpretando Eva, a filha do casal.

Adoro os filmes com poucos cenários. Aqui a história se passa quase toda dentro do apartamento do casal.

Envelhecer não é fácil e Haneke simplesmente esfrega isso na nossa cara. É preciso muita força e... amor. Nota 9.