domingo, 30 de agosto de 2015

O Despertar dos Mortos (Dawn of the Dead)



Uma obra de arte com um trio formado por George Romero, Dario Argento e Tom Savini, só poderia resultar em algo inesquecível. O Despertar dos Mortos (1978) é um dos mais icônicos filmes com zumbis de todos os tempos.O diretor George Romero - que já nos presenteou anteriormente com o também icônico "A Noite dos Mortos Vivos" - faz um bom trabalho mesmo contando com um orçamento limitado. Tem como grande reforço o mestre Dario Argento na criação do roteiro e o talentoso Tom Savini (técnico em maquiagens) que ainda tem uma pequena participação no filme.

Logo de cara, somos jogados em meio ao caos dos bastidores de uma emissora de TV, apresentando um programa onde um debate acalorado sobre a crescente aparição de zumbis e qual a atitude correta deverá ser tomada mediante essa situação. Nessa emissora trabalham a dedicada repórter Francine (Gaylen Ross) e o piloto de helicóptero Stephen (David Emge). Ambos decidem fugir com um helicóptero que se encontra na cobertura do prédio. Juntam-se à eles, dois policiais sobreviventes de uma outra missão envolvendo zumbis. São eles: Roger (Scott H. Reiniger) e Peter (Ken Foree). Durante o vôo, observaram toda a cidade tomada de zumbis e decidiram pousar no teto de um shopping center pensando justamente nos recursos daquele local. Dali, pra frente, os quatro personagens irão lutar pela própria sobrevivência.

Mesmo com os elementos de terror e muito gore, a obra possui bastante ação.e alguns momentos de tensão, como na cena em que um zumbi sobe a escadaria para atacar a personagem Francine. O roteiro apresenta alguns diálogos desnecessários e situações que poderiam muito bem ser cortadas no processo de montagem. No entanto, possui uma mensagem extremamente relevante relacionado ao consumismo desenfreado, além de levantar questões como o racismo e o aborto. Mesmo com todos os problemas, o filme tem cenas e diálogos memoráveis. O roteiro faz a gente torcer para aqueles quatro personagens.

A trilha sonora é bem bacana, mas achei mal encaixada em alguns momentos. Alguns elementos da maquiagem são bem exageradas, porém isso até traz um charme trash para o filme. O shopping é um personagem importante e seu espaço é bem utilizado.

Uma curiosidade é que esse filme teve um remake bacana em 2004 com o título de Madrugada dos Mortos.

Politicamente incorreto (lembrei agora da cena com as crianças zumbis), O Despertar dos Mortos é um filme que diverte bastante sem assustar tanto. Principalmente nos dias de hoje. Nota 7.





domingo, 23 de agosto de 2015

Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High)



Quem tem mais de 30 anos, vai se lembrar dos filmes com adolescentes no colégio que passava repetidamente tanto na Sessão da Tarde da Globo, quanto na Sessão das Dez do SBT. Era uma época onde o politicamente correto quase não tinha vez e a obra cumpria o que prometia: Diversão garantida.

Picardias Estudantis (1982) se encaixa perfeitamente nessa descrição acima e mesmo não sendo cinematograficamente grandioso, nos faz grudar os olhos na tela e querer acompanhar a vida daqueles personagens.

Cameron Crowe escreveu o roteiro baseado na própria vivência durante o período colegial.. Seus personagens são em sua maioria adolescentes motivados pelos anseios e inseguranças típicos dessa fase. Alguns acreditam na experiência sexual como um combustível para a auto estima. Outros preferem se refugiar nas drogas.

A trama apresenta diversos personagens. Entre eles, duas amigas que trabalham como garçonete:Uma delas supostamente já teve uma experiência sexual (Phoebe Cates) e tem um namorado que se encontra distante. A outra, ainda é virgem (Jennifer Jason Leigh) e busca fazer sexo com uma pessoa bacana. Tem também os dois irmãos: O mais velho (Robert Romanus) arruma grana como cambista e tem uma auto estima exageradamente elevada. O irmão mais novo (Brian Baker) é exatamente o oposto e tem dificuldades de expor seus sentimentos para a garota que ama.. Tem o surfista que só vive chapado (Sean Penn), e entra em conflito constantemente com o professor linha dura (Ray Walston). Tem o rapaz em busca de novas aventuras sexuais e um emprego melhor (Judge Reinhold) e tem muitos outros coadjuvantes do quilate de Eric Stoltz, Forest Whitaker e uma aparição muito pequena de Nicolas Cage, que na época ainda era creditado como Nicolas Coppola.

A diretora Amy Heckerling fez um bom trabalho e consegue amarrar bem o amadurecimento dos seus principais personagens. A montagem eu achei em alguns momentos acelerada e talvez essa era realmente a intenção da equipe para justamente refletir a velocidade com que tudo acontece na vida daqueles adolescentes.

Algumas cenas são realmente marcantes. Uma para ficar na memória, envolve a imaginação de um dos personagens com a amiga da sua irmã. É engraçada e excitante ao nível máximo. Oh Phoebe Cates!

Picardias Estudantis é uma típica comédia adolescente dos anos 80 que aborda alguns temas sérios (como o aborto, por exemplo) e com um elenco bacana que não compromete nas atuações. Possui um roteiro com o propósito de divertir se debruçando sobre alguns dilemas dessa fase da vida.. Nada mais que isso. Nota 7.




segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Loucas pra Casar



Confesso que fui assistir com um pé atrás (com os dois pra falar a verdade) à Loucas pra Casar.(2014). Principalmente pelo fato de ser uma comédia com o apoio da Globo Filmes. Como foi um pedido da minha querida esposa Gisele que eu amo tanto, me aventurei nessa empreitada. No final das contas, me surpreendi positivamente com o filme. Não que seja a oitava maravilha do mundo, mas ela difere em alguns aspectos se compararmos com os lançamentos com a fórmula: Zorra Total + Novela da Globo + Divulgação = $$$$$$$.

Logo de cara presenciamos uma situação pra lá de surreal: três mulheres vestidas de noiva se encontram na beira de uma ponte com o mesmo intento: cometer suicídio após serem desiludidas pelo "príncipe encantado". A situação só tende a se agravar quando as três descobrem ser noivas da mesma pessoa. A partir desse trecho, o filme nos carrega para alguns anos antes, revelando a história dessas três mulheres. Uma delas (Ingrid Guimarães) é uma workaholic com um passado nada agradável nos relacionamentos e que pretende cuidar mais de si mesma sem se iludir com o romantismo.A outra (Suzana Pires), trabalha como dançarina de boate e vive uma vida totalmente fora dos padrões da sociedade. É completamente impulsiva e sem papas na língua. Já a  terceira (Tatá Werneck), é uma jovem religiosa que almeja manter a virgindade até o casamento e prefere transmitir a imagem de uma boa moça. No entanto, em alguns momentos parece que vai ultrapassar a linha dos bons costumes. O tal "príncipe encantado" (Márcio Garcia), é o garanhão que vai causar um verdadeiro caos na cabeça dessa mulherada.

O roteiro tem alguns diálogos terríveis, repletos de clichês e momentos covardes (os personagens transam quase sempre com roupas). No início, eu fiquei na dúvida sobre qual seria a proposta dos realizadores. Com o decorrer da trama, eu interpretei que a principal intenção é a de  mostrar o posicionamento de algumas mulheres em busca da perfeita felicidade dentro de um relacionamento e o quanto que essa perfeição não existe (como diz a personagem interpretada pela Fabiana Karla). Nos momentos finais, é que nos deparamos com a cereja do bolo do roteiro que faz a gente comprar toda a ideia estimulando uma reflexão.

A fotografia é correta e não tem muito o que destacar. Gostei do trabalho da direção de arte. Prestem atenção à uma rima visual envolvendo um espelho. Até a cor branca do vestido das noivas tem a sua importância pra trama, assim como as flores que cada uma segura tem a ver com suas diferentes personalidades.

A música Happy do Pharrell Williams até funciona nos momentos alegres da personagem principal. No entanto é usado em demasia.

Ingrid Guimarães se esforça e praticamente leva o filme nas costas. Achei a Tatá Werneck mal aproveitada e alguns momentos foram usados apenas pra aproveitar o humor típico da atriz que aqui muitas vezes não funciona. Suzana Pires está ok e Márcio Garcia...é sempre Márcio Garcia.

O diretor Roberto Santucci vem fazendo uma comédia atrás da outra e desconfio seriamente que esse é seu melhor trabalho. Nota 6.




domingo, 9 de agosto de 2015

Mapa para as Estrelas (Maps to the Stars)



Andy Wahrol certa vez disse: "No futuro, todos terão os seus 15 minutos de fama". Sua frase profética ganha total sentido com a realidade virtual dos dias de hoje. A internet pode ser a porta de entrada para o surgimento de muitas "estrelas" da noite para o dia.  Estrelas essas que podem desaparecer do mapa com a mesma velocidade que entraram. No entanto, o que importa é a busca incessante  pela fama. Nem que seja instantânea. A busca obsessiva em ser o alvo dos holofotes, é um dos temas abordados em Mapa para as Estrelas (2014), o mais recente trabalho do grande diretor David Cronenberg.

A narrativa aos poucos vai apresentando o cotidiano e motivações de alguns personagens que lá na frente irão se cruzar. O espectador tem a sensação de estar montando um quebra-cabeças bem interessante.Na trama que se passa em Hollywood (Óóóóóóóóó´...), temos uma atriz decadente (Julianne Moore) que almeja voltar ao topo e busca desesperadamente atuar em uma refilmagem estrelada pela sua própria mãe no passado. Há também uma jovem com queimaduras no corpo (Mia Wasikowska) que sonha em ser roteirista e um astro de 13 anos retornando com uma série de sucesso após problemas com drogas. O desenrolar da história traz uma dose correta de tensão e estranheza graças ao belíssimo trabalho com o som e a fotografia.

Conhecendo os filmes do Cronenberg, posso afirmar que quem curte os trabalhos mais viscerais do diretor,  não irá se decepcionar. Tem nudez, escatologia e uma cena inesquecível com a Julianne Moore. Por falar na atriz, sua atuação nesse filme é simplesmente impecável. Ouvindo um podcast do site Cinema em Cena, o Renato Silveira comentou que a personagem da Julianne lembra a Lindsay Lohan mais velha. Concordo plenamente com ele. Mia Wasikowska está no tom certo e entrega mais um bom trabalho. A revelação para mim foi Evan Bird que traz um personagem bem estranho. Outros atores estão muito bem. Entre eles: John Cusack interpretando o pai do ator mirim e Robert Pattinson que volta a interpretar um sujeito dentro de uma limusine só que agora como motorista. (Quem conhece Cosmópolia sabe do que estou falando)

Algumas cenas poderiam ficar de fora na montagem. Como por exemplo o excesso das aparições fantasmagóricas que trazem uma certa carga de tensão em alguns momentos e em outros se tornam repetitivas. Além do sobrenatural, o filme também aborda o incesto. Não vou adentrar muito no assunto para não cometer spoilers.

Uma das cenas com efeitos visuais envolvendo fogo me incomodou um pouco. Principalmente pelo seu grau de artificialidade No entanto eu acredito que essa decisão foi proposital por parte de Cronenberg e sua equipe para refletir justamente a artificialidade dos seus personagens. Lembrando do filme, o elemento fogo é muitas vezes citado durante o filme. É como se aquelas pessoas estivessem causando incêndios (literalmente e metaforicamente) e depois tendo que apagá-los.

Repleto de humor negro e sarcasmo, Mapa para as Estrelas é mais uma bola dentro desse extraordinário canadense. Cronenberg joga uma lupa e revela que por trás daqueles seres humanos "amáveis", existem pessoas sem um pingo de humanidade. Qualquer semelhança com histórias verdadeiras seria mera coincidência?

Julianne Moore, sou cada dia mais seu fã. Nota 9.



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Cinderela (Cinderella)



Após uma leva de filmes onde os contos de fadas apresentam novas versões com personagens femininas fortes, eis que a Disney dá uma pisada no freio e refaz Cinderela (2015), que retorna com atores de carne e osso e uma roupagem mais parecida com as antigas princesas do estúdio. A escolha para conduzir essa empreitada foi mais que acertada: Kenneth Branagh. Acostumado a trabalhar em filmes onde a fotografia e a direção de arte costumam se destacar, Branagh mostrou estar à todo vapor. Seu trabalho nesse filme vai bem mais além.

A trama chupada da animação clássica de 1950, não apresenta muitas modificações. Vemos a relação da Cinderela (Lily James) com seus pais e posteriormente com a madrasta (Cate Blanchet). No início tudo é alegria na vida da menina. Após o falecimento de seus pais,sua vida vira de cabeça para baixo e ela passa a comer o pão que o diabo amassou. É tratada com desprezo pela madrasta e suas terríveis filhas. Até que um dia ela se depara com um rapaz e se apaixona loucamente por ele. Essa paixão poderá ser uma luz no fim do túnel para Cinderela conquistar aquela alegria de outrora.

Como foi dito anteriormente, a fotografia é muito bem cuidada. Alguns planos exageram em querer mostrar em muitos momentos, a grandiosidade dos palácios. Não precisava tanto. A cena em que a personagem de Cate Blanchet é mergulhada em sombras é uma excelente sacada para mostrar a malvadeza daquela personagem. O trabalho dos figurinos e cenários são fantásticos com destaque na cena do baile onde a cor azul do vestido da Cinderela se diferencia das demais.

Cate Blanchet é uma baita atriz. Sentimos raiva da sua personagem e ela convence com a dose certa de exagero que um filme de fantasia normalmente pede. Ela está tão bem que ofusca um pouco o trabalho de Lily James e das demais. Helena Bonham Carter caiu como uma luva interpretando uma estranha fada madrinha que também narra a história.

O roteiro nos faz acreditar no sofrimento de Cinderella, mas peca ao apresentar o príncipe e todos que o cercam. Seu personagem não teve uma boa construção e seu romance com a protagonista é chocho e sem muita emoção. O humor é sutil em diversos momentos.

A música para o filme é muito boa, porém usada com exageros para forçar a emoção no espectador. Muitas vezes não tem efeito.

O maior destaque do filme é o uso correto dos efeitos visuais. Estão ali para servir a história e não somente para impressionar. A melhor cena na minha opinião, envolve a Cinderela fugindo com seus amigos animais dentro da clássica carruagem. É um verdadeiro primor tanto nos efeitos quanto na montagem.

No final das contas, mesmo sendo uma Cinderela no estilo tradicional e com uma mensagem simples, o filme é capaz de agradar essa nova geração. Basta ter coragem e ser gentil. Nota 7.




segunda-feira, 20 de julho de 2015

Meu Passado me Condena 2





 Numa Segunda-feira à noite, acompanhei minha esposa no UCI Norte Shopping para assistir Meu Passado me Condena 2. Não tinha assistido o primeiro filme. No entanto , não é necessário para a compreensão desta obra. Estava crente que ia encontrar o cinema tranquilo e sem muita gente. Chegando na bilheteria, constatamos que só tinha ingresso para a última sessão e poucas poltronas disponíveis. Conseguimos um lugar bem próximo do telão. Ao me acomodar na sala, percebi o quanto iria ser uma sessão complicada, pois haviam muitos engraçadinhos fazendo barulho, crianças e adultos conversando como se estivessem em casa e adolescentes que estavam ali para fazer piadinhas o tempo todo. Essa situação continuou nos trailers e mesmo durante o filme. A coisa só melhorou após a interferência de funcionários exigindo que um grupo de espectadores mal educados parassem de incomodar os demais.
  
A obra nos apresenta um casal em crise que está prestes a jogar o casamento no lixo. Fábio (Fábio Porchat) é um sujeito brincalhão e meio desleixado que tenta levar a vida da maneira mais leve possível. Já a sua esposa Miá (Miá Mello) leva uma vida mais séria e regrada. Ambos se amam, mas esse contraponto faz com que um tenha dificuldade de se adequar ao outro e vice versa. Ao descobrir que seu avô fiou viúvo em Portugal,  Fábio decide aproveitar a viagem para o velho continente com o intuito de reacender a chama do seu casamento com Miá. Chegando lá, muitas histórias de seu passado virão à tona.
  
Mesmo sendo uma típica comédia dessa nova safra do cinema nacional, o filme possui alguns momentos bem divertidos. O roteiro possui alguns problemas envolvendo a presença de personagens que não acrescentam muita coisa na trama, como é o caso do casal interpretado por Marcelo Valle e Inez Viana.
 Fábio Porchat carrega praticamente o filme nas costas e tem uma veia cômica interessante. Alguns momentos, como na cena do piquenique são bem engraçados e me fez lembrar um pouco de Woody Allen. Em outros o humor é carregado com um certo exagero e perde sua força. Miá Mello, apesar da importância de sua personagem,  acaba sendo ofuscada pelo seu parceiro de cena.. A grande surpresa é a atriz portuguesa Mafalda Rodiles que traz um frescor à sua personagem interpretando uma antiga namorada de Fábio. Já Ricardo Pereira não tem tanto destaque.

A diretora Júlia Rezende e sua equipe faz um trabalho bacana e com uma excelente fotografia, revelando belas imagens do interior de Portugal. 
  
Gostei muito dos créditos iniciais, onde já se revela muito sobre o casal sem dizer uma só palavra.

 Um filme repleto de clichês com algumas cenas engraçadas. Nota 5.

 

domingo, 19 de julho de 2015

Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World)



Assisti o primeiro Jurassic Park no extinto cinema de Olaria na época do seu lançamento e fiquei impressionado pelas qualidades da obra e principalmente pela boa utilização dos efeitos visuais. A primeira aparição de um dinossauro no filme foi marcante para toda aquela geração. Hoje, após todos esses anos e duas sequências sem a mesma qualidade do original, decidi retornar à esse incrível parque. Pode não causar o mesmo efeito do primeiro filme, mas vale a pena a experiência.

A trama de Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros (2015) não foge da fórmula dos outros filmes. Dessa vez, o parque precisa de novidades e um dos recursos utilizados é a criação de espécies geneticamente modificadas com o intuito de atrair cada vez mais o público. É óbvio que em algum momento, algo sairá do controle deixando todos em desespero. Entre os personagens de maior destaque está a workaholic diretora do parque (Bryce Dallas Howard), seus sobrinhos (Ty Simpkins e Nick Robinson) e o adestrador de dinossauros (Chris Pratt).

O trabalho de Colin Trevorrow na direção é muito bom e já nos conquista logo na primeira cena, onde vemos um ovo eclodindo e apresentando o olhar do dinossauro mais relevante da trama. As cenas de ação são muito bem conduzidas e apresentam uma fluidez graças à bela montagem.

O maior problema do filme está no roteiro com diversos diálogos e situações que chegam a incomodar. O affair entre os personagens de Bryce e Pratt durante o ataque dos pterodáctilos e o diálogo dos dois irmãos envolvendo o concerto de um carro são alguns exemplos. A motivação de um dos vilões do filme em transformar os dinossauros em armas militares também não convence. O humor do filme algumas vezes não funciona.

Bryce Dallas Howard se esforça e faz mais uma vez um bom trabalho. Chris Pratt não tem muita chance de demonstrar seu talento, mas não compromete. Achei o personagem de Nick Robinson sem empatia alguma. Bem diferente de Ty Simpkins, o irmão mais novo e fanático por dinossauros.

Percebemos a utilização dos efeitos visuais quando a câmera utiliza um plano geral revelando todo o ambiente do parque, mas isso não incomodou em nenhum momento. Tudo combina perfeitamente bem com a fotografia e a direção de arte.

A música de Michael Giacchino é muto bem utilizada e traz um frescor em diversas cenas.

O novo parque dos dinossauros é um típico blockbuster contendo referências bacanas ao primeiro filme e com  um roteiro problemático. No entanto, seus defeitos não atrapalham na sua apreciação. Bom para assistir com pipoca e refrigerante. Nota 7.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey)



 Revendo agora o blu ray de Cinquenta Tons de Cinza (2015) - obra baseada no best-seller homônimo de E.L. James -, pude reforçar ainda mais a impressão que tive na primeira vez que assisti no cinema: um filme feito para agradar fãs com um roteiro focado na dificuldade dos protagonistas em manter um romance que pode machucar. Se você por acaso lembrar de Crepúsculo não é mera coincidência. A obra foi inspirada pela saga de Bella, Edward e Jacob.

O filme apresenta a jovem e insegura Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma estudante de literatura que irá ajudar na conclusão de um trabalho de sua amiga adoecida. Esse trabalho consiste em entrevistar o milionário Christian Grey (Jamie Dornan), que por sua vez esbanja segurança e auto-estima. Ao chegar em seu luxuoso escritório, ocorre uma atração instantânea entre ambos e ali irá nascer uma paixão onde serão revelados alguns segredos ligados à vida sexual do Sr. Grey.

O roteiro (adaptado por Kelly Marcel) não vai muito além das indecisões de seus protagonistas com diálogos do tipo: "Você não pode ficar comigo...mas eu não consigo ficar longe de você..." num lenga lenga interminável que já foi visto antes em Crepúsculo. Algumas frases forçadas em alguns momentos apenas com o intuito de causar algum efeito e estimular gritinhos das mais escandalosas ocasionando uma artificialidade e falta de fluidez. O maior prejudicado pelo roteiro foi o personagem de Jamie Dornan. Seu Christian Grey não traz nenhuma empatia e fica difícil torcer ou acreditar naquele sujeito. A sua justificativa para agir de um jeito meio machista e controlador não é nada convincente.Sua relação com o sadomasoquismo também não é muito explorada. Dakota Johnson até se esforça com sua Anastasia e na minha opinião tira "leite de pedra".

Gostei do trabalho da direção de arte, dos figurinos e principalmente da fotografia. Algumas escolhas da diretora Sam Taylot Johnson foram acertadas como por exemplo: o plano em que Anastasia chega ao local da entrevista e observa o prédio do Sr. Grey lembrando um pênis ereto. Tem também a cena em que ela põe o lápis na boca com o nome do milionário. São cenas que remetem sexo sem ter sexo. Por falar no dito cujo, as cenas não são excitantes e o tão falado sadomasoquismo é bem careta.

Outro ponto positivo é o uso da cor. O azul representando o universo dela (observem a cor do fusca, algumas roupas e elementos de cena) e o vermelho representando o universo dele ( a corda, o quarto da dor e o carro que ele dá de presente). Algumas vezes eles invertem a cor como se estivessem se adequando um ao outro.

As músicas são bem utilizadas e tem uma versão nova da Beyonce de Crazy in Love que ficou até bacana.

Um filme com uma bela fotografia e um roteiro muito mal desenvolvido. Nota 4.




domingo, 12 de julho de 2015

Divertida Mente (Inside Out)


 Sabe aquela sensação bacana quando você sai da sala do cinema com um sorriso no rosto e um encantamento gigantesco daquilo que acabou de assistir? Pois foi exatamente isso que aconteceu comigo após a sessão de Divertida Mente (2015), a mais recente animação da Pixar. O diretor Pete Docter (que também co-dirigiu Up - Altas Aventuras e Monstros S.A.), usou e abusou da imaginação para criar um universo fantástico. Nesse quesito, deve-se enaltecer o trabalho de design de produção. É um colírio para os olhos.

Na trama, acompanhamos a vida de Riley (Kaitlyn Dias) desde a infância até a pré-adolescência e suas 5 emoções que convivem em seu cérebro numa espécie de sala de comando. Essas emoções são: Alegria (Amy Poehler), Tristeza (Phyllis Smith), Nojinho (Mindy Kaling), Raiva (Lewis Black) e Medo (Bill Hader). Em certo momento, Riley se muda para outra cidade com seus pais e seus sentimentos ficam confusos em lidar com essa nova condição. Presenciamos então um descontrole na sala de comando e como essas emoções irão interagir entre si daí para frente.

O roteiro possui uma coesão impressionante ao interligar muito bem dois universos. Principalmente se levarmos em conta, que é a mente de um indivíduo que está sendo retratada. O filme poderia tornar esse ambiente complexo numa história confusa e até difícil de acompanhar. No entanto, não é isso que acontece e a obra nos transporta para diversas regiões do cérebro. Entre eles:: o subconsciente, a área onde os sonhos são reproduzidos e até mesmo nos pensamentos abstratos. Aqui, o roteiro atinge o ápice da criatividade.

A história ainda guarda uma grata surpresa: o personagem Bing Bong (Richard King) que é o amigo imaginário da Riley e um dos personagens mais legais da Pixar nos últimos anos.

Toda a cor da animação é muito bem utilizada e retrata muito bem o que cada personagem quer passar. Assim como o figurino dos personagens (Raiva com a cor vermelha e uma roupa que lembra a de um chefe estressado de escritório estressado, Nojinho com a cor verde que lembra gosma e um figurino de mulher perua e afrescalhada, a Alegria com sua cor amarela transmitindo vibração e um modelito de verão, o Medo com seu jeito franzino e um figurino que remete insegurança, e a Tristeza com sua cor azul e um roupão de frio), tudo foi muito bem pensado. Bacana também observar a mudança no figurino da Riley retratando aquilo que ela sente naquele momento.

Todo o trabalho com o som é muito bem realizado e sua trilha sonora ajuda a sublinhar bem toda a história.

Mesmo não sendo original e com alguns clichês, Divertida Mente possui um formato altamente criativo e com uma mensagem deveras relevante.

Divertido e emocionante. Na minha opinião, o melhor filme de 2015 visto nos cinemas até o momento. Nota 10.







segunda-feira, 29 de junho de 2015

Faster, Pussycat! Kill! Kill!



No início de Faster, Pussycat! Kill! Kill! (1965), ouvimos a voz de um narrador resumindo a essência desse cultuado exploitation que é referência para diversos cineastas. O diretor Russ Meyer - que tem em sua filmografia, personagens femininas voluptuosas e com seios fartos -, fez um excelente trabalho de direção. O título chamativo é característico do gênero.

A trama simples apresenta três strippers - Varla (Tura Satana), Rosie (Haji) e Billie (Lori Williams) -  que vivem perigosamente cometendo golpes e dirigindo carros em alta velocidade. Após um desentendimento com um casal em uma região deserta - onde o rapaz é assassinado e a moça feita de refém -, elas encontram um senhor e seus dois filhos que supostamente guardam em sua residência uma baita fortuna. O plano das mulheres agora é roubar todo esse dinheiro.

A personagem Varla interpretada por Tura Satana virou um ícone na história do cinema com toda sua força e sensualidade. As outras duas também estão bem e possuem características específicas que transformam a relação do trio numa dinâmica interessante. Os outros atores se esforçam e não comprometem o resultado.

O roteiro linear possui algumas situações absurdas, mas que no final das contas casam bem com o universo da obra. Traumas e motivações de certos personagens não são "mastigados" para o espectador. Ao meu ver, uma decisão acertada de Meyer que criou um ambiente hostil onde a maioria dos personagens são perigosos.

Com o auxílio de uma boa montagem e uma trilha sonora que gruda nos ouvidos igual à chiclete, o filme possui uma boa fluidez transformando a apreciação em uma deliciosa experiência.

Foi muito corajosa a atitude de todos os envolvidos na obra se levarmos em consideração o ano em que foi lançado. Hoje em dia não causaria nenhum fervor com o seu conteúdo sexual sugerido e violência.

Uma boa dica para quem quer conhecer um típico exploitation. Nota 8









segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Dança dos Vampiros (The Fearless Vampire Killers)



É provável que grande parte do público nos dias de hoje, não ache muita graça de A Dança dos Vampiros (1967). E o motivo é muito simples: o estilo de humor existente na maioria desses filmes onde a sutileza não tem vez. É uma enxurrada de cenas forçando o riso do espectador a todo custo. Fiz esse comentário não com o intuito de determinar a qualidade desses filmes , mas para situar os leitores sobre o tipo de paródia que é a Dança dos Vampiros. Um filme dirigido e atuado por Roman Polanski.

A trama se passa na Transilvânia, onde um professor especialista em vampiros (Jack MacGowran) e seu fiel escudeiro (Roman Polanski) estão a caminho do castelo de Drácula com a intenção de investigar e exterminar com os vampiros daquela região. Com o imenso frio, eles param para se aquecer em uma taverna e conhecem outros estranhos moradores da região.

Apesar dos elementos cômicos, o clima do filme muitas vezes é bem sombrio. Isso graças ao excelente trabalho da direção de arte e da fotografia revelando seus corredores escuros. Outro fator que contribui para essa construção é a utilização do som. Ouvimos por diversas vezes, o som de uma forte ventania (recomendo assistir em uma noite fria) e os uivos dos lobos característicos nosdias de lua cheia. Uma curiosidade é que esse é o primeiro filme colorido de Polanski.

Polanski está ótimo como sempre na direção, mesmo não estando no mesmo nível de outras realizações. O filme possui excelentes movimentos de câmera. Já a sua atuação é apenas mediana, mas não compromete o resultado. Foi nesse filme que ele conheceu a belíssima Sharon Tate, com quem viria a se casar e vivenciar uma trágica história. A atriz e algumas outras pessoas foram assassinadas por um grupo de uma seita liderada por Charles Manson.

Em alguns momentos o humor do filme não funciona tão bem como por exemplo, nas cenas em que Polanski utiliza o recurso da aceleração da imagem.Me fez lembrar dos filmes de Woody Allen no início da carreira, onde o "humor físico", força um pouco a barra. No entanto, várias outras cenas funcionam perfeitamente e ficam tatuados na memória. Como por exemplo, o momento em que os dois personagens se encontram no telhado para invadir o quarto do Drácula e também o vampiro se insinuando para o medroso personagem do Polanski. Além do baile no final com aqueles personagens encharcados de maquiagens e figurinos exuberantes.

A Dança dos Vampiros possui um humor bem peculiar e é repleto de cenas bacanas. Eu fui mordido e posso afirmar que valeu a pena.  Nota 7.






domingo, 21 de junho de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)


 Logo no início de Mad Max: Estrada da Fúria (2015), somos injetados de volta ao universo criado pelo mesmo diretor da trilogia original: George Miller. Em poucos minutos, já sentimos o efeito alucinante e frenético que o autor quis passar. O filme parece ter ingerido um coquetel de energético com cocaína. Estaria o septuagenário George Miller sob influência de algo equivalente ao famoso viagra? Só sei que com uns 20 minutos de projeção, já dava pra perceber algumas pessoas ofegantes dentro do cinema. O filme não te deixa respirar, e digo isso no melhor dos sentidos.

Max (Tom Hardy) é  um andarilho capturado e feito de prisioneiro pelos seguidores do influente Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), com o intuito de servir como banco de sangue para os feridos durante as missões desse grupo. Immortan por sua vez é uma figura praticamente endeusada principalmente por ser um detentor de diversas riquezas (água, combustível, etc...) dentro daquele universo pós apocalíptico. A partir desse ponto, entra em cena a personagem Furiosa (Charlize Theron), que é um membro de alta confiança na equipe de Immortan, mas que planeja fugir daquele ambiente levando consigo algumas mulheres que eram mantidas em uma espécie de harém e estavam cansadas daquela situação. Daí para frente, começam as sequências de perseguição e o caminho da Furiosa irá cruzar com o de Max. Vale mencionar o personagem Nux (Nicholas Hoult), que tem um desenvolvimento bem legal na trama.

O roteiro é bem simples e tudo que é mostrado na tela é condizente com a sua proposta. Já ouvi muitos criticando o roteiro pelo fato de não ser elaborado.

Charlize Theron é fantástica mais uma vez e entrega uma personagem forte com uma atuação digna do seu talento. Ao meu ver, Tom Hardy não está mal, mas acabou ofuscado pelo talento de sua companheira de trabalho. Falando em personagens fortes, as mulheres aqui não dependem dos homens para nada. O filme claramente levanta a bandeira à favor das mulheres.

Diferentemente do que acontece em diversos filmes de ação hoje em dia, Miller e sua equipe optou em não utilizar câmera tremida e nos presenteou com belos planos dando uma noção melhor do que está acontecendo durante as cenas de ação. Memo com a montagem um pouco mais acelerada em alguns momentos.

A fotografia dá um show com suas "cores quentes" principalmente durante as cenas diurnas no deserto e um tom azul nas cenas noturnas. Além de todo o trabalho de direção de arte, figurinos e maquiagens que casam perfeitamente como o que é capturado pela câmera.

Até mesmo situações absurdas, como por exemplo, um carro de perseguição repleto de amplificadores com várias pessoas tocando tambor e um guitarrista que quando toca solta fogo pela guitarra, cabem bem dentro desse universo. E por falar em música, ela sublinha muito bem nas cenas de ação.

A maioria das cenas com veículos, não tiveram o auxílio do CGI e com isso tornam o efeito ainda mais impactante. Se tem algum ponto fora da curva, eu diria que é justamente quando o CGI "grita" que é na cena dentro da tempestade de areia. Toda aquela artificialidade me incomodou e me tirou um pouco do filme. 

Pelas inúmeras qualidades da obra, eu termino com a seguinte palavra: Testemunhem! Nota 8.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

M, O Vampiro de Dusseldorf (M)


 A grande força de M, O Vampiro de Dusseldorf (1931) reside principalmente na sua capacidade de levar ao espectador, um carrossel de sensações estimulando a reflexão. Seu maestro Fritz Lang, conduz tudo com muita maestria e um talento impressionante, onde as imagens e os sons possuem uma importância fundamental para toda a trama. Isso sem falar que o cinema sonoro ainda estava na infância..

O filme apresenta um assassino de crianças (Peter Lorre), que tem como principal característica, assobiar In the Hall of the Mountain King de Edvard Grieg antes de abordar suas vítimas. Seus atos causam pânico em toda a cidade, mobilizando não só a polícia e a imprensa, mas também outros criminosos da região, que tiveram seus serviços ilegais prejudicados pelo aumento da investigação policial. Até os moradores de rua são convocados para auxiliar na captura. A pressão da sociedade para encontrar o verdadeiro culpado ocasiona diversos equívocos no trabalho dos policiais.

A forma como toda a narrativa é apresentada levanta diversas questões como por exemplo: a necessidade de um julgamento mesmo sem um embasamento concreto; a pressão da imprensa criando uma verdadeira catarse popular, a ineficácia dos profissionais de segurança, etc... Diante de todo o caos, as mazelas daqueles personagens algumas vezes vem à tona.

Peter Lorre dá um verdadeiro show de interpretação. Em uma cena próximo ao fim, os seus olhos esbugalhados exprimem toda a angústia daquele momento dando uma ambiguidade ao seu personagem única na história do cinema. Aliás, vários atores do filme interpretam seus personagens com expressões exageradas típicas do cinema mudo.

Outro destaque do filme é o som. Fritz Lang e sua equipe souberam utilizar muito bem essa ferramenta a favor do filme, principalmente nas cenas onde o que está se ouvindo não aparece no enquadramento. Nos dias de hoje, isso é normal, mas lembrem-se que em 1931 ainda era o início do cinema sonoro.

A fotografia de Edgar G. Ulmer com algumas sombras e escuridões, são típicas do expressionismo alemão e combinam com seus personagens ambíguos e misteriosos. A câmera possui vários planos estáticos valorizando o trabalho de direção de arte. Quando ela se movimenta faz com elegância como na cena dos mendigos jogando cartas por exemplo.

A montagem é eficaz e tem seu melhor momento nas cenas em que a reunião de policiais em uma sala complementa a reunião dos membros do crime organizado. Como se fossem lados de uma mesma moeda.

M, O Vampiro de Dusseldorf foi banido da Alemanha durante o nazismo e tanto Peter Lorre quanto Fritz Lang tiveram que fugir do país por serem judeus.

Um clássico do cinema alemão que merece ser visto e revisitado sempre. Nota 10.



domingo, 14 de junho de 2015

Terremoto - A Falha de San Andreas (San Andreas)


 San Andreas é uma região que se localiza no estado da California (EUA), onde ao longo dos anos, ocorreram intensos terremotos (ocasionados pelo encontro entre duas placas tectônicas), causando destruições e tragédias. Obviamente que alguns produtores em Hollywood iriam aproveitar esse gancho para gerar mais uma obra sobre catástrofes.Afinal de contas o mundo não foi destruído em 2012 não é mesmo?

Terremoto - A Falha de San Andreas (2015), segue exatamente a fórmula desse tipo de filme. Temos aqui, um personagem principal (Dwayne Johnson ou The Rock), que trabalha em um helicóptero salvando pessoas e passa  por um doloroso processo de divórcio. Sua ex-mulher (Carla Gugino) que está de mudanças e irá levar junto o seu novo namorado (Ioan Gruffud), e a filha do ex casal (Alexandra Daddario). Paralelo a isso , temos o cientista especialista em terremotos (Paul Giamatti), que junto com sua equipe, consegue prever quando irá ocorrer o próximo tremor. E também alguns outros personagens que também terão uma certa importância na trama (como é o caso dos dois irmãos).

Logo após os terremotos (sim, não temos apenas um), o protagonista se lança em uma busca frenética atrás de sua filha perdida no meio de toda aquela.destruição. Uma tragédia que pode reaproximar e reconstruir aquela família que passou por um "forte terremoto emocional" no passado.

Apesar de ter alguns momentos bacanas (uma em particular, envolvendo uma conversa do ex casal me emocionou), faltou um maior desenvolvimento dos personagens. Parece que o diretor Brad Peyton e sua equipe se preocupou mais em investir nas cenas com os efeitos visuais. Efeitos esse que são bons, mas que não trazem muita novidade a esse filão. Depois de tantas destruições e sons barulhentos (bem realizados por sinal), acabei por me acostumar e não senti tanto impacto durante o segundo terremoto. A câmera tremida não me incomodou e nesse filme ela se justifica.

Mesmo com tantas cenas previsíveis, uma em especial eu destaco pelo seu teor de tensão lá pelo final do filme.

The Rock é sempre The Rock. Tudo que acontece na trama parece convergir para que o ator demonstre toda a sua experiência em filmes de ação. O destaque ao meu ver é Alexandra Daddario, que se esforça para nos fazer acreditar no drama da sua  personagem. O excelente Paul Giamatti tem uma atuação que não compromete e seu personagem possui alguns diálogos expositivos.

Terremoto - A Falha de San Andreas, é um filme repleto de clichês com alguns bons momentos. Vale a pena acompanhar com um refrigerante e uma pipoca. Nota 6.





domingo, 7 de junho de 2015

Um Conto do Destino (Winter´s Tale)


Há determinados filmes que te convidam para um universo único. Muitas obras fantásticas se destacam por fugir completamente da verossimilhança e pela capacidade de nos transportar para um lugar diferente durante mais de uma hora, onde no final das contas tudo pode ou não fazer algum sentido para a história. Tudo vai depender da disposição do espectador de aceitar ou não esse convite. E caso aceite, não significa que ele vai gostar dessa imersão.


Esse é o caso de Um Conto do Destino (2014), dirigido por Akiva Goldsman - que também adaptou o roteiro de um romance literário -  e estrelado por atores do naipe de Colin Farrell, Russell Crowe, Will Smith, Jennifer Connelly e Eva Marie Saint.

A trama - que se passa em diferentes épocas - apresenta Peter Lake (Collin Farrell), que ainda bebê, foi colocado por seus pais em um barquinho com o intuito de salvá-lo de um surto de tuberculose ocorrida em sua cidade no final do século XIX. Criado por outras pessoas, ele cresce e se torna um ladrão em Manhattan. Em um dos seus assaltos, após invadir uma casa, ele se depara com uma jovem (Jessica Brown Findlay) com uma grave doença que irá mudar por completo sua vida.

Contando desse jeito, vocês devem estar se perguntando: Onde está a magia nisso tudo? Pois bem. E se eu disser que o barquinho onde foi deixado o menino foi largado em alto mar? Insira nisso tudo, milagres realizados pela força do amor ,um cavalo alado, um protagonista que vive mais de 100 anos sem envelhecer e demônios se passando por humanos. Certos momentos lembra as histórias com princesas.

A mensagem edificante de que o amor supera até mesmo a morte é bacana. No entanto, senti uma forçação de barra para emocionar o público à qualquer custo e nesse quesito não foi eficiente. Lembro-me que me emocionei apenas em uma cena lá pelo final do filme. 

Collin Ferrell está péssimo. Não sei se foi por causa da dublagem (Parabéns HBO pela falta de opção com legenda), mas me pareceu indiferente em vários momentos. Assisti ao filme com minha esposa e em um certo momento comentei que até o cavalo estava atuando melhor. Gostei da atuação de Jessica Brown Findlay. Russel Crowe se esforça interpretando um demônio. Já Will Smith não convence interpretando o Lúcifer com aquele jeitão de seu personagem em MIB - Homens de Preto. Jennifer Connelly não tem tanto tempo para mostrar muita coisa, apesar de sua personagem ter importância na trama e temos também em uma participação rápida Eva Marie Saint.

A fotografia é bem bonita principalmente nas cenas com neve. A música de Hans Zimmer é boa, mas utilizada com um certo exagero para causar efeitos dramáticos na platéia. O roteiro poderia ser mais enxuto e com menos diálogos expositivos. Por falar nos diálogos, muitos não atingem o objetivo desejado.

Um Conto do Destino é uma fantasia clichê com uma mensagem bonita, mas que peca ao não conseguir cumprir alguns objetivos. Nota 6.


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância (Birdman: Or The Unexpected Virtue of Ignorance)


O grande vencedor de melhor filme no Oscar em 2015 foi Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (2014). Não é meu interesse entrar no debate se a premiação foi merecida ou não. No entanto, vale ressaltar que o trabalho realizado por toda a equipe e principalmente do diretor Alejandro González Iñárritu é de tirar o chapéu. A trama do filme - que é apresentada durante alguns dias -, deixa a impressão no espectador de ser um longo plano sequência.  E nesse quesito, é impressionante a fluidez da obra. Palmas para o grande trabalho do diretor de fotografia (Emmanuel Lubezki) que captou de forma belíssima as imagens em diferentes ambientes.

Na história, Riggan Thomson (Michael Keaton) é um ator em busca de novos desafios. No passado ele interpretou o super herói Birdman: um personagem que marcou de vez a sua carreira (Notem a semelhança com o Batman interpretado pelo próprio Michael Keaton). Com o passar dos anos, Riggan foi perdendo seu prestígio e agora busca um reconhecimento não somente como ator, mas também como diretor e roteirista adaptando um respeitado livro para uma peça da Broadway. E é durante os dias que antecedem a estreia da peça, que acompanhamos nos bastidores não somente Riggan, mas todos que cruzam seu caminho. Entre eles o produtor nervoso com o rendimento da peça (Zach Galifianakis), a atriz que é amante de Riggan e que supostamente está grávida (Andrea Riseborough), a outra atriz de confiança do diretor, mas insegura por ser seu primeiro trabalho na Broadway (Naomi Watts), o excelente ator escalado às pressas, mas com um gênio difícil (Edward Norton), a filha de Riggan que acabou de sair da reabilitação, mas que a qualquer momento pode ter uma recaída (Emma Stone), entre outros.

Mérito de Iñárritu e sua equipe que consegue nos jogar dentro dessa "panela de pressão", tornando-nos testemunhas da loucura de seu protagonista na busca obsessiva pelo reconhecimento do seu talento. O medo de fracassar é multiplicado quando uma voz interior (do próprio personagem Birdman) assombra sua mente. No meio de tudo isso, ele ainda tem que lidar com críticos rigorosos e jornalistas imbecis. Nesse ponto, o personagem de Norton se contrapõe ao de Keaton, pois está pouco se lixando com a opinião alheia.

Descrevendo dessa maneira, ficou parecendo que o filme não apresenta problemas. A sensação que tive durante a meia hora final, , é que a obra perde um pouco a sua força. Força essa que é retomada na última cena, dando margem à interpretações.

O que dizer do elenco? Todos maravilhosos. Naomi Watts já esteve em atuações melhores e aqui me pareceu um pouco ofuscada diante da interpretação de Edward Norton e Michael Keaton. Emma Stone também tem seus momentos  e aqui seus olhos parecem que vão saltar.

A música é eficiente para transmitir todo o caos e muitas vezes é utilizado somente uma bateria. Em algumas cenas aparece um homem tocando bateria.

Iñárritu mereceu o Oscar de melhor diretor e fez aqui uma obra poderosa que pode gerar relevantes debates sobre loucura, busca por aceitação, expectativa por reconhecimento, papel da imprensa e crítica sobre o trabalho dos atores e toda a equipe, etc... Nota 8.


domingo, 31 de maio de 2015

Mulher Nota 1000 (Weird Science)



Lembro da última vez que assisti Mulher Nota 1000 (1985): era um moleque ainda deslumbrado com o videocassete e sem entender a proposta do genial John Hughes. Achei aquilo tudo uma loucura e não consegui prestar atenção direito no filme. Lembro também que estava assistindo junto com o meu padrinho Ricardo, com quem assisti diversos filmes dos anos 80.

Depois de todos esses anos e conversas com amigos sobre os filmes produzidos nessa década, decidi revisitar essa obra que obviamente se revelou de uma outra forma. Principalmente depois de conhecer a marca dos filmes de John Hugues. Muitos elementos caros ás obras do diretor estão presentes aqui como por exemplo: a dificuldade de comunicação entre pais e filhos e a insegurança na fase da adolescência.

Somos apresentados aos adolescentes Gary (Anthony Michael Hall) e Wyatt (Ilan Mitchel-Smith) que sofrem todos os tipos de bullying no dia a dia e que fantasiam ter um mínimo de popularidade com as meninas e colegas da escola. Até que um dia, após assistirem um filme de Frankenstein na televisão, decidem criar uma mulher perfeita no computador. Só que um incidente com um raio, transforma toda a casa num verdadeiro caos e a mulher virtual se transforma em uma mulher de carne e osso com poderes. A partir daí, os meninos - que deram à mulher o nome de Lisa (Kelly LeBrock), -  irão se deparar com situações que os ajudarão a encontrar a principal razão dos seus conflitos.

O roteiro escrito por John Hugues tem uma boa liga e talvez peque pelo excesso de absurdos da trama. Algumas piadas funcionam mais do que outras. Mas nada que comprometa o resultado como um todo, já que a proposta é embarcar na doideira científica para demonstrar o caos interior dessa fase tão difícil na vida de cada um de nós que é a adolescência. Sobra até uma dose de ironia na trama: na cena em que Lisa, após dar uma lição de vida para os garotos,  percebe um artefato importante da guerra fria surgindo do chão e em sua ponta pousa uma pomba branca.

Todo o trabalho de direção de arte condiz bem com a época. Assim como os figurinos, a maquiagem exagerada e os cabelos por vezes espalhafatosos da belíssima Kelly LeBrock. A trilha sonora também vai pelo mesmo caminho.

Não tem nenhuma atuação de destaque dos atores. É curioso ver o "Homem de Ferro"  Robert Downey Jr. novinho e sem ser creditado com o Jr.

Mulher Nota 1000 aborda temas importantes no bom estilo de Hughes e estimula a criação do nosso "Frankenstein interior" que pode dar certo. Nota 8