segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Som ao Redor


















Finalmente chegou aos cinemas, o tão aguardado longa de estréia de Kleber Mendonça Filho. Depois de realizar alguns curtas metragens aclamados pela crítica e pelo público, aqui ele entrega uma obra diferenciada no que diz respeito ao cinema nacional. E o que justifica todo o hype em torno de O Som ao Redor (2012)? É claro que os prêmios conquistados em diversos festivais nacionais e internacionais ajudaram na propaganda do filme. Na minha opinião, o principal diferencial está no formato que o diretor optou em apresentar suas mensagens.

Aqui não tem protagonistas e sim um mosaico de personagens que se relacionam entre si e com o som. Aliás o som é o que podemos chamar de protagonista nesse filme tamanha a sua importância. Tudo se passa em uma rua do Recife, mas podia ser no Rio de Janeiro, na Paraíba, São Paulo, Manaus, ou qualquer lugar do país, pois o cotidiano mostrado na tela ultrapassa qualquer diferença de sotaques.

O filme inicia apresentando fotos antigas mostrando trabalhadores nas lavouras (provavelmente explorados) ralando demais para garantir ao menos um prato de comida na mesa. Em seguida Kleber já demonstra seu talento apresentando crianças brincando dentro de um condomínio. Nesse momento me lembrei de uma cena de O Iluminado de Stanley Kubrick em que a câmera acompanha o menino pelo hotel com o velocípede. Aos poucos seus personagens irão sendo apresentados e já percebemos uma certa tensão no ar. A sensação é que em qualquer momento alguma merda irá acontecer.
Algo também muito perceptível é a diferença de classes mostrada principalmente nas relações entre os empregados e seus patrões. Fica evidente que muita coisa da época da escravidão ainda se mostra  presente. Pessoas continuam sendo exploradas e escravizadas só que com uma nova roupagem. Tudo contribuindo para um clima tenso. Aliás, tensão essa que cada um dos personagens parecem guardar dentro de si. Aqui vemos uma dona de casa que tem insônia e sofre com os latidos de um cachorro, um corretor de imóveis desconfiado do seu primo ter roubado o aparelho de cd da sua nova namorada, um rico propietário de imóveis que se acha no direito de ter privilégios graças á sua influência, milicianos que surgem do nada cobrando uma taxa dos moradores para dar segurança aos mesmos e que na verdade, acontece o oposto... enfim são vários personagens que tem as mesmas relevâncias.

Além do esplêndido trabalho do diretor, temos que bater palmas para os responsáveis pela fotografia com seus belíssimos enquadramentos e o som que é usado a favor do filme. Uma beleza.

Dos atores, eu conhecia apenas o Irandhir Santos que cada vez mais conquista seu espaço no cinema de qualidade. O restante do elenco também mandou super bem e dentro da medida.

Uma obra que cresce na mente com o passar do tempo. Merece ser revisto sempre.

Já prestaram a atenção no som ao redor? Nota 10.

3 comentários:

  1. Pô, Brunão, ótimo texto! Ainda não tive oportunidade, mas assim que puder, o farei. Parece mesmo ser um grande filme.

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  2. Ola caro amigo,adorei tua visitinha.Ainda não vi este filme,mas depois de ler teu excelente texto,fiquei com a curiosidade aguçada.Meu grande abraço.SU.

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  3. Celão...um sério candidadto aos melhores do ano. mas ainda é cedo pra definir. Um grande filme sem sombra de dúvida.

    Suzane, é sempre um prazeer ler seus posts. Fico sempre contente com sua presença por aqui. volte sempre. Quanto ao filme? Recomendadíssimo Grande abraço!

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