domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia (Bring Me the Head of Alfredo Garcia)




Não sou exatamente um fã dos filmes de Sam Peckinpah e nem tenho um conhecimento tão aprofundado do seu legado. No entanto, reconheço todo o talento e a importância do diretor que é conhecido pelos cinéfilos como "o poeta da violência". De todos os trabalhos que eu conheço do cineasta, o que mais me agradou foi Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia (1974) que resume bem a essencia de toda sua obra. Naquela época, Peckinpah não ficou nada satisfeito com o resultado do seu filme anterior (Pat Garret & Billy the Kid) que foi mutilado pelo estúdio. Ele que já tinha problemas com o álcool, mergulhou ainda mais na bebida e se mandou para o México com pouco dinheiro para filmar seu novo trabalho. Sem nenhuma cobrança do estúdio, o resultado é um filme delicioso de ser apreciado. Uma jóia a ser descoberta que foi muito criticada na época de seu lançamento, principalmente pela crueza retratada e um realismo sem maquiagens

Na história, um milionário fazendeiro (Emilio Fernandez) descobre que sua filha engravidou do tal Alfredo Garcia e oferece 1 milhão de dólares a quem trouxer a cabeça do sujeito.

Todo esse bafafá chega aos ouvidos de Bennie (Warren Oates), um pianista alcoolatra e decadente que se diz capaz de encontrar Alfredo. Logo em seguida, descobre através de sua namorada prostituta (Isela Vega) que o homem morreu em um acidente de carro e decide ir atrás do prêmio bizarro para faturar uma grana. A partir desse momento, o personagem inicia uma trajetória onde o fundo do poço nunca parece chegar.

O filme faz uma bacana referência ao clássico O Tesouro de Sierra Madre de John Huston, quando um caçador de recompensas se apresenta ao pianista como Freddy C. Dobbs (nome do personagem de Humphrey Bogart no filme)

Warren Oates está excelente em seu personagem inspirado no própio Peckinpah (que emprestou seu óculos ao ator). Quem fez bonito também foi Isela Vega que interpreta a sua personagem na medida certa. Destaque para as presenças dos atores Robert Webber, Gig Young e Kris Kristofferson.

Um filme sórdido, cheio de imperfeições (principalmente na fotografia) e ao mesmo tempo charmoso. Realizado com extrema sinceridade pelo seu diretor. Nota 8.

2 comentários:

  1. cara, estou muito feliz por vc ter voltado a postar, não perca o ritmo, seus comentarios são importantes e um delicia poder lê - los. Assisti esse filmes a uns 4 meses + ou -. gostei muito, um filme na medida para quem gosta de pura diversão, lembra até alguns filmes da nossa saudosa boca do lixo, quando os filmes brasileiros eram mais gostosos. Grande abraço.

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  2. Grande Marcelo. Muito obrigado mesmo de coração pelos seus comentários elogiosos no meu blogger. Também fico extremamente feliz de vc ter criado o maravilhoso blogger - desafio de assistir em um ano os 365 filmes. Tua idéia foi fantástica. Sem falar que é mais um espaço para podermos trocar ideias sobre cinema em geral e de mantermos contato.
    Que legal vc ter assistido essa obra maldita do Peckinpah. Aco que não é tão celebrada quanto a meu ódio será tua herança,cruz de ferro ou sob o domínio do medo por exemplo.
    Ah... e a relação com a boca do lixo faz todo sentido hehehehe...
    Abração

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