Tabu se divide em duas partes: Paraíso Perdido e Paraíso (sua relação com o cinema de F.W. Murnau se faz presente). Além de um prólogo, onde vemos um explorador português na Àfrica sofrendo ao tentar em vão, ocupar seu tempo para tentar suportar a morte da sua esposa. Ao final, ele se deixa ser engolido por um crocodilo, para logo em seguida, incorporar o animal e ficar ao lado do fantasma de sua mulher. Ficamos sabendo que essas imagens iniciais pertencem à um filme visto por Pilar (Teresa Madruga) num cinema que por sua vez, se encontra bastante envolvida com toda aquela história. É quando entra a primeira parte (Paraíso Perdido) onde conhecemos também Aurora (Laura Soveral), uma solitária senhora que divide um apartamento em Lisboa com Santa (Isabel Muñhoz Cardoso), sua empregada cabo-verdiana com quem vive um relacionamento de muita desconfiança. Pilar é vizinha de Aurora e as duas acabam ficando amigas. Aos poucos, o passado de Aurora vem à tona, e a partir desse ponto, dá início a segunda parte da história (Paraíso). Não vou adentrar em mais detalhes. Para os que gostam de um filme que foge completamente dos padrões hollywoodianos, eis um belíssimo exemplar.
É necessário assistir mais de uma vez para absorver outras nuances da obra. Mas o que pude verificar, é a relação entre o passado longínquo das personagens e o melancólico presente. Um presente que sofre ao saber que o passado jamais irá se repetir e que vai existir somente na memória. Pode-se fazer até mesmo uma comparação com a situação atual de Portugal (e de outros países da Europa) com outras épocas.
O que mais impressiona na obra de Gomes é justamente a forma como ele apresenta a história. A segunda parte onde é descortinado o passado de Aurora, é todo narrado e sem diálogo algum. Lembra a boa época do cinema mudo, onde as expressões dos atores diziam mais que qualquer palavra.
A fotografia em preto e branco é um show à parte em todo o filme e faz um casamento perfeito com a cuidadosa edição.
O que dizer mais? Só revendo para tentar pescar algo que passou despercebido num primeiro momento. Algo tão comum em uma obra que é desde já, um forte candidato à melhor do ano. Nota 10.
Olá, irmão. Ler seu texto, aqui, referente ao filme, Tabu, é semelhante a uma conversar informal entre duas falando de maneira bem natural a respeito de algo que se aprecia. O filme me parece bom. Não vi, ainda. Sou fascinado por filmes, assim. Uma linguagem, sim, que muito me atrai. No mais um abraço e desculpe-me a ausência.
ResponderExcluirPois é, Brunão, Tabu é um filme que merece algumas revistadas, principalmente para observar suas camadas. Para mim, é um dos melhores do ano, sem dúvidas!
ResponderExcluirAbração!
Maxwell, saudades de vc meu caro. Estou devendo uma visita no teu belíssimo blog, pois também ando muito ausente por esses ramos. Um grande abraço. Vc é sempre bem vindo aqui.
ResponderExcluirCelão, tenho que te agradecer mais uma vez à vc, pois foi através do seu brilhante blog que tomei conhecimento dessa jóia que é Tabu. Um dos melhores com certeza.