segunda-feira, 28 de março de 2011

Assim Caminha a Humanidade (Giant)


Outro dia, levei um baita tombo a caminho do trabalho, que me deixou "de molho" alguns dias e com o pé direito imobilizado devido a uma torção. Nessa situação em casa e com a notícia do falecimento de Elisabeth Taylor, decidi homenagear a atriz assistindo um dos filmes mais marcantes da sua carreira: Assim Caminha a Humanidade (1956). E é claro que eu precisaria de todo um tempo disponível para apreciar um filme com mais de 3 horas de duração. Não que a duração seja um problema, ainda mais se tratando de um clássico como esse. É que ultimamente tenho encontrado dificuldades para assistir um longa de 8o minutos. Agora imagina encarar um com mais de 200 minutos? E tem mais, não curto ver o filme aos pedaços, pois isso acaba me tirando um pouco da história. E até o retorno, fico com aquela sensação de ter perdido algo bacana. Mas enfim, voltemos ao filme que é o mais importante.
O diretor George Stevens consegiu extrair bem a essência do livro de Edna Ferber para compor em deslumbrantes imagens a saga de três gerações de uma família cujo mentor, é um milionário rancheiro (interpretado de maneira inspirada por Rock Hudson).
Além da já citada Liz Taylor (com uma performance na medida interpretando Leslie, a esposa do rancheiro) temos também o brilhante James Dean em seu último trabalho. Dean nem chegou a ver o filme pronto, pois morreu logo ápós as filmagens em um acidente automobilístico. Foi a deixa para transformar o jovem ator em um dos maiores ícones do cinema.
A história começa leve mostrando a relação da família milionária com as pessoas ao redor, incluindo os seus empregados. Com o passar do tempo, essa estrutura familiar fica cada vez mais abalada, após testemunharmos intolerância, machismo, racismo e posteriormente a ganância desenfreada em primeiro plano que vai acirrar a rivalidade entre os personagens de Hudson e Dean.
Dennis Hopper marca presença interpretando um dos filhos do milionário. O filme ainda conta com a participação dos atores Carroll Baker, Sal Mineo e Rod Taylor, só para citar alguns.
Além das atuações extraordinárias do elenco, outro destaque importante é a primorosa fotografia de William C. Mellor que parecem pinturas.
Na minha opinião, algumas cenas serviram apenas para "encher linguiça" podendo o filme ser um pouco menor.
Uma das cenas mais memoráveis, é a de James Dean tomando um banho de petroleo e correndo todo sujo para contar a novidade ao seu patrão.
Um clássico típico do cinema americano que mostra a obsessão de algumas pessoas pela riqueza, aqui representada pelas terras e pelo petróleo. Nota 8.

domingo, 20 de março de 2011

Coffy



Dia desses, cheguei em casa do trabalho e rapidamente liguei no canal TCM para assistir Coffy (1973), um clássico blaxpoitation setentista e difícil de encontrar por aí dando sopa. Tive o privilégio de apreciar essa jóia rara e muito bem dirigida por Jack Hill.

A curiosidade para assistir a obra surgiu através de Quentin Tarantino (olha ele aí de novo), através das referências em Jackie Brown e também pelo fato dele sempre o colocar entre os seus filmes favoritos.

Pam Grier com seu visual black power se tornou uma das principais atrizes desse genero, e depois ainda faria outra parceria com Hill em Foxy Brown. Aqui ela interpreta a protagonista do título: uma enfermeira que quer se vingar dos responsáveis por deixar sua irmã viciada em estado vegetativo. Para realizar tal façanha, ela se faz passar por garota de programa para transitar no meio de traficantes e cafetões. O uso da sedução, é um dos métodos para cumprir a sua missão.

Várias cenas são marcantes e algumas até engraçadas, como a da briga em uma festa onde Coffy senta a porrada nas prostitutas que estavam com inveja da sua presença. Outras contém bastante violência, como por exemplo logo no início do filme quando a cabeça de um traficante é estourada com um tiro.

A obra tem lá as suas imperfeições, que no final das contas acabam encobertas pelas suas inúmeras qualidades.

Com diálogos bacanas, personagens carismáticos, trilha sonora de dar gosto, e uma edição caprichada a diversão é mais do que garantida. Nota 9.



quarta-feira, 9 de março de 2011

A Morte Anda a Cavalo (Da Uomo a Uomo / Death Rides a Horse)


Empolgado com a notícia de que Quentin Tarantino irá em breve rodar um western, coloquei no aparelho de dvd A Morte Anda a Cavalo (1967), um dos filmes homenageados pelo diretor em Kill Bill e que estava há um tempão na minha coleção precisando apenas de um empurrão como esse para ser assistido.

O filme do diretor Giulio Petroni (que faleceu no início do ano passado), é um bom exemplar do gênero western spaghetti (que tem como principais representantes os filmes de Sergio Leone e sua trilogia dos dólares), e foi realizado na Itália.

A história é basicamente sobre a vingança de Bill (John Phillip Law), um jovem que há 15 anos, foi o único sobrevivente de um massacre à sua família e que agora procura se vingar dos malfeitores. No caminho ele cruza com Ryan (Lee Van Cleef), um ex presidiário que também procura vingança dos responsáveis pelo seus 15 anos na cadeia. No final das contas, eles percebem que estão atrás das mesmas pessoas.

Lee Van Cleef já é figurinha tarimbada nesses tipos de filmes e aqui ele exerce de maneira correta o seu papel de um pistoleiro experiente. Não conheço outros trabalhos de John Phillip Law que também não faz feio com o personagem obcecado pelo seu acerto de contas.

Achei bacana as cenas da memória de Bill, que ajuda na identificação dos assassinos de seus familiares, seja através de um brinco ou de algumas tatuagens no corpo.

A trilha sonora é excepcional e conduzida com maestria pelo excepcional Ennio Morricone. Algumas dessas músicas também foram utilizadas por Tarantino no já citado Kill Bill e em Bastardos Inglórios.

Não chega a ser o filme definitivo de bangue bangue. No entanto, com o reforço do roteiro de Luciano Vincenzoni, Petroni esculpiu um filme delicioso. Tão delicioso quanto um bom espaguete. Nota 8



terça-feira, 8 de março de 2011

A Vingança de Jennifer (Day of the Woman / I Spit On Your Grave)


Semana passada, recebi a ilustre visita do Luizinho (do blog Passeios Ferroviários). Com o tempo livre, aproveitamos para botar o papo em dia e beber algumas cervejas. Em seguida tentamos assistir ao terror A Casa da Noite Eterna sem sucesso pois o filme não pegou no aparelho de dvd. Decidi então rever duas obras ainda inéditas para o meu amigo: Meet the Feebles (filme do início da carreira de Peter Jackson e que eu já comentei no blog) e A Vingança de Jennifer (1978) do diretor Meir Zarchi.

No caso de A Vingança de Jennifer o principal impulso para a revisão foi o remake que está prestes a estrear nos cinemas por essas bandas com o título de A Doce Vingança. Estou curioso para saber o resultado dessa história para os dias atuais, já que estamos tão anestesiados com tanta violência e brutalidade tanto nos filmes quanto nos noticiários.

O fato é que o original ralizado na década de 70 deve ter causado um alvoroço danado. Na época, a violência já era mostrada de uma maneira mais crua e realista. Mas nada comparado com esse filme sobre uma escritora (Camille Keaton) que decide concluir sua obra em uma casa de campo bem longe da correria da cidade grande. Lá ela cruza o caminho de quatro homens que decidem estuprá-la e espancá-la. As cenas são bem chocantes até para os dias de hoje. A primeira parte do filme se resume a esse acontecimento. E quem pensa que na segunda parte vai ter refresco está redondamente enganado. Jennifer decide se vingar com requintes de crueldade de todos que cometeram tal atrocidade.

Camille Keaton (que é sobrinha neta do grande cineasta Buster Keaton), teve uma atuação bem corajosa transmitindo todo o desespero nas cenas do estupro e toda a frieza durante a sua vingança. Além de todas as cenas de nudez da atriz é claro.

O fato do filme não apresentar trilha sonora reforça ainda mais todo o clima pertubador da história.

Na época de seu lançamento, foi censurado em diversos países e recebeu duras críticas de pessoas respeitadas como Roger Ebert por exemplo. Com o passar do tempo e o advento do video cassete, foi ganhando um status de cult sendo um dos filmes mais procurados na década seguinte.

Uma obra imperfeita mas bem conduzida por Zarchi. Um típico sexploitation que abriu caminho para diversas outras obras com o mesmo tema.

Agradecimentos ao amigo Rick que me emprestou esse filme. Nota 7