Quando assisto filmes bem antigos, tento me transportar mentalmente para a época em que ele foi realizado e exibido. Isso tudo com o objetivo de chegar próximo à sensação da platéia naquela época. Então eu paro e penso: se hoje, aquele olhar do Drácula interpretado por Bela Lugosi, me deu arrepios, imagine o efeito na platéia na década de 30?
Drácula (1931), dirigido pelo grande Tod Browning, consegue transmitir um clima bem sinistro já no seus minutos iniciais, onde um jovem e corajoso advogado (Dwight Frye), está disposto a visitar um misterioso castelo na Transilvânia, para tratar de um contrato com o morador daquele local: o Conde Drácula (Bela Lugosi). Este por sua vez, transforma o moço em uma espécie de criado que o auxilia na mudança para a cidade de Londres através de uma embarcação onde todos os tripulantes acabam sendo mortos. Após chegar à cidade, Drácula vai aos poucos fazendo suas vítimas com o intuito de saciar a sua sede de sangue humano, até se deparar com o Dr. Van Helsing (Edward Van Sloan), um grande conhecedor de vampiros.
O grande trunfo desse filme é sem sombra de dúvidas, a atuação de Bela Lugosi. Mesmo com seu sotaque diferenciado, é difícil encontrar outro ator que personifique melhor a imagem do vampirão. Outro que merece aplausos é Dwight Frye. É incrível a mudança no rosto do seu personagem após ser amaldiçoado pelo conde maligno. Frye também participou de vários filmes importantes da Universal naquela época.
A ausência da trilha sonora em diversos momentos contribui para que o filme fique ainda mais assustador ao meu ver. É que na época, o cinema ainda estava se adaptando à sua fase sonora e muitas salas só conseguiam passar filmes mudos. Por isso foram feitas duas versões desse filme. Uma delas sem som nenhum, justamente para ser exibida nessas salas.
O grande problema do filme reside do meio para o final, onde tudo acontece com muita pressa. Fiquei meio decepcionado quando chegou ao fim.
Mesmo assim, vale a pena conhecer essa obra que deve ter feito muita gente arrepiar os cabelinhos do pé e se cagar de medo com o olhar de Bela Lugosi dizendo: "Ouça-os: as crianças da noite. Que doce música eles fazem. Não acha?" Nota 7.