quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds)


Quase duas semanas se passaram da estréia de Bastardos Inglórios (2009), e até hoje o filme não sai da minha cachola. Fui na última sessão do Cinemark Carioca. Saí do trabalho direto para o shopping encontrar com a Gi, minha esposa, em uma noite bastante chuvosa, o metrô abarrotado de gente, e eu feliz da vida por chegar o momento de assistir ao novo petardo de Quentin Tarantino. Tentei controlar a ansiedade, mas a expectativa era muito grande para isso. Afinal, Tarantino começou à escrever esse roteiro antes mesmo de Kill Bill. E posso dizer com todas as letras: è o melhor filme do diretor. Melhor até que Pulp Fiction (Que devo ter assistido no mínimo umas 10 vezes).

Depois de conversas com amigos e de ler sobre o filme na coluna de Arnaldo Jabor na última terça feira, decidi comentar sobre esse que é até então, o melhor filme do ano na minha opinião Em nenhum momento você consegue desgrudar os olhos da tela.

Impressionante como certos atores crescem, e o que mais se destaca é Christoph Waltz na pele do cínico Coronel Hans Landa. A interpretação é tão boa, que acaba ofuscando outros atores que também estão ótimos. Brad Pitt como o Tenente Aldo Raine está hilário com um bigodinho e um sotaque bem caipira. Outro destaque é Mélanie Laurent como Shosanna que é uma das mais importantes personagens no filme. Ela é uma judia francesa sobrevivente de um massacre, onde todos os seus familiares foram mortos. Tempos depois, ela consegue um disfarce como gerente de um cinema, onde arquiteta uma vingança contra os nazistas.

Paralelo á essa história, tem os tais bastardos do título, que tem como missão matar e escalpelar o máximo de nazistas possíveis. Esse grupo é comandado pelo personagem de Brad Pitt.

No final das contas, as duas histórias se cruzam. Mas não é só isso, o diretor além de brincar com os idiomas e sotaques, parece cutucar na ferida a forma como os filmes são concebidos. Tarantino não se preocupa em contar a História como ela exatamente aconteceu. Não existe cena de combate, e os judeus aparecem cometendo as maiores atrocidades, incentivados pela vingança. Os diálogos típicos do diretor estão presentes e são responsáveis pelos momentos de maior tensão. Em vários momentos pensei: "Isso é puro Tarantino". Assim como as cenas arrebatadoras, principalmente a do início na fazenda e a final no cinema.

As referências à outros filmes, principalmente os do diretor Sérgio Leone, a trilha de arrasar com Ennio Morricone, David Bowie,etc... e até mesmo o fetiche por pés, sublinham esse filmão, onde em cada momento parece que algo vai acontecer, e uma hora acontece mesmo.

Termino esse post, com uma das frases proferidas por um personagem no final do filme: "...esta pode ser minha obra prima." E eu concordo plenamente. Nota 10.

10 comentários:

  1. Com a lerdeza que muitas vezes me é característica, passo agora à leitura do roteiro que Tarantino escreveu para o seu melhor filme (nem é preciso ver todos para saber disso) e que me foi indicado por um leal amigo. É o complemento e também o inverso do slogan de praxe "leia o livro e veja o filme", mas não tenho compromisso com o antes e o depois. Uma vez que me fascinei tanto com o que vi na tela e que não sou normalmente um apaixonado por tudo do tão discutido jovem cineasta de uma curta carreira, é justo que me atenha a entrar melhor na trama por meio do que a originou. No entanto, se a experiência é muito compensadora pela precisão da narrativa e o vigor de seus diálogos, EXAGERANDO é quase como ouvir apenas sua caprichada trilha musical (com excertos freqüentes do imenso Ennio Morricone, dentre outros) em CD - FALTAM AS IMAGENS, FALTA O FILME EM SI! Se Tarantino já nos habituou ao traçar do cotidiano do gangsterismo ou da marginalidade na tela com doses de violência e também humanismo num tratamento que reconheço como próprio, original ainda que com influências várias, e com feições mais realistas, em "Bastardos Inglórios" o acomete o delírio. E que lindo delírio - que, por certo, não é o dos seus dois "Kill Bill". Não há o que o prenda à realidade histórica, pois que não se trata de um retorno aos episódios da França ocupada de uma forma convencional e respeitosa quanto aos fatos reais. Para fazer cumprir a missão de radical revanche do "folclórico" grupo selvagem do Tenente Aldo Raine (Brad Pitt, hilário e excelente) contra todos os nazistas, Tarantino lança mão do onirismo mais absoluto para não poupar Hitler e Goebbels, lá presentes. Éééé. E concede relevância à personagem da linda jovem Shoshanna(a adorável novata Mélanie Laurent, na foto em destaque no blog) fugitiva do extermínio de sua família pelas mãos do impiedoso e dissimulado caçador de judeus, o Coronel Hans Landa (o proeminente ator alemão Christoph Waltz, que rouba o filme para si). O filme felizmente continua em cartaz e o livro tem a distribuição da Amarilys, mas, por favor, VEJAM O FILME PRIMEIRO. Como curiosidade: o veterano Rod Taylor ("Os Pássaros", "A Máquina do Tempo") participa rapidamente como Winston Churchill.

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  2. Lafão, com relação à ver o filme antes do roteiro, estou plenamente de acordo. E olha que quase caí na tentação de ler o roteiro antes de ir ao cinema. Bacana você falar da participação do Rod Taylor. O cara deve estar irreconhecível no filme. Também tenho a trilha sonora que no filme é uma atração à parte.
    Valeu pela força amigão. ABRAÇÃAAAO

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  3. Eu vi esse filme... Mas não me pergunte nada sobre o filme.... É.. Detalhe...rsrsr

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  4. Fabeatles, dormiu durante a sessão?
    A Gi dormiu o filme quase inteiro, e acordou em uma rápida cena de tiroteio em um bar. Levou um baita susto. Hehehehehe
    Abração

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  5. Poxa, legal!
    Não precisava dizer que eu dormi no filme!
    Mas que eu achei um porre, achei!

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  6. É verdade Gi. Mas pelo menos o soninho deve ter valido à pena. Hehehehe... beijos :)

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  7. Brunão, A Lenda, finalmente assisti a essa obra - prima do nosso diretor favorito. Achei excelente, um dos melhores filmes desse novo milênio. Realmente QT domina todas as tecnicas do cinema e envolve o espectador com seus diálogos precisos e afinados, que nesse filme estão tão perfeitos quanto em `Cães de Aluguel´, `Kill Bill 2` e Pulp Fiction. Porém, não posso deixar de dizer que fiquei com gostinho de quero mais. Achei o filme muito redondo, na minha modesta opinião faltaram mais ramificações; mas nada que tire a sua excelencia. Espero que QT lance uma versão estendida ou quem sabe a mini - serie.
    Desde já um grande abraço

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  8. Fala Marcelão...presença ilustre no blogger. Muito obrigado pelo post.
    Tarantino fez um considerável corte no filme, à pedido dos produtores. A versão antiga tinha quase 3 horas de duração. Vamos torcer para que o dvd venha com essas imagens que com certeza, devem enrriquecer ainda mais a trama.
    Com certeza é o filme mais redondo do Taranta e com belíssima trilha e fotografia.
    Falando em fotografia, vi as lindas fotos do Vinícius,o mais novo cinéfilo da área. Parabéns Marcelão.
    Abração.

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  9. Deixo aqui minha resenha que eu já tinha feito, hehe...

    "Bastardos Inglórios" tem sido aclamado como um filme mais "sóbrio" de Tarantino, principalmente após suas loucuras cinéfilas feitas na saga "Kill Bill" e "Grindhouse". Não deixa de ser verdade, "bastardos" perto dos anteriores possui um estilo que muitos achavam ter se perdido pelo diretor, mas o clima nonsense, a mistura de ficção e realidade e as atuações intencionalmente caricatas que predominam todo o filme permite que Tarantino continue brincando bastante, ou seja, o tal "diferenciamento maduro" citado por alguns críticos é só aparência, pois trata-se de um Tarantino legítimo. Ainda bem, pois ver um filme de Tarantino é sempre uma experiência única, ele continua mostrando o seu impressionante domínio em dominar a linguagem do cinema ao copiar de tudo para se transformar em algo novo. Os longos diálogos estão presentes, sendo o da primeira parte o melhor. As referências, obviamente pipocam no filme, com destaque p/ trilhas de Ennio Morricone e filmes de Sergio Leone. O trailer pode causar uma falsa impressão, mas é perdoável, é difícil resumir um filme de Tarantino, que possui a ousadia de desviar a trama central para rumos inesperados. E em que filme vc poderia encontrar um judeu sanguinário?
    No elenco, temos um Brad Pitt bastante divertido, mas é Chrstopher Waltz, como o vilão, que arrebata, com carisma incomparável em seus diálogos repletos de falsa simpatia e compaixão, cínico ao limite. Como de costume, Tarantino vem e tira o cinema da mesmice. Aguardemos ansiosos sua próxima obra.

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  10. Belíssima resenha Ricardo.
    Tarantino é um liquidificador que mistura diversos ingredientes, tornando o suco altamente delicioso. E que venha a próxima bebida... hehehehe

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